Redes Sociais e você
Este é o resultado de uma pesquisa inédita, que traz também
uma boa notícia: os voluntários que tiveram mais contato real (e não virtual)
com outras pessoas, foram mais felizes
Sim, é isso mesmo. Quanto mais você usa o Facebook, mais você
fica infeliz. Pior: fica também mais solitário(a). E isso não é papo de boteco
ou conclusão da cabeça do autor deste texto. Trata-se do resultado de uma
pesquisa de fôlego recente conduzida pelo Laboratório de Estudos de Emoção e
Autocontrole da Escola de Psicologia da Universidade de Michigan.
O resultado foi publicado pela Public Library of Science
agora na segunda quinzena de agosto e é um dos destaques da reportagem
"Brucutus da Timeline", dos repórteres Edu Graça e Rodrigo Martins,
de CartaCapital. O material da dupla traz também outros estudos, e está na capa
da edição que começou a chegar às bancas e tablets nesta sexta-feira 27.
O levantamento que chegou à conclusão dolorosa do título
deste artigo foi conduzido pelo professor Ethan Kross, do Instituto de
Pesquisas Sociais da Universidade de Michigan, em parceria com Phillipe
Verduyn, da Universidade de Leuven, na Bélgica. Destacou-se por ser o primeiro
a acompanhar com um método claro a rotina de dezenas de usuários da rede
social.
Foram recrutados 82 jovens com menos de 30 anos para o
experimento, e as perguntas foram enviadas diariamente 5 vezes, das 10 da manhã
à meia noite, por meio de sms (mensagem de texto por celular). "Com isso
fomos capazes de mostrar como o ânimo dos usuários mudava de acordo com o uso
que cada um fazia do Facebook", explica Kross.
Independentemente da quantidade de amigos, das condições
psicológicas dos pesquisados e da motivação para o uso da internet, a cada
passagem pelo Facebook aumentavam a
preocupação e a sensação de isolamento e infelicidade dos jovens. "Em
princípio, o Facebook parece oferecer recursos inestimáveis para satisfazer a
necessidade humana de conexão social. Em vez de incrementar a sensação de bem
estar, nossa pesquisa sugere, no entanto, que o Facebook diminui a percepção de
felicidade do usuário", analisa o acadêmico.
Os 82 voluntários foram também instados a dar uma nota de
satisfação obtida consigo mesmo no começo e no fim da pesquisa. A exposição ao
Facebook apareceu diretamente ligada à sensação de infelicidade: quem passava
mais tempo no site, mais infeliz havia ficado duas semanas depois. Por outro
lado, quanto maior o contato social direto, com amigos de carne e osso, sem
mediação digital, maior a sensação de felicidade.
O cientista levanta uma possibilidade para este fato: o
Facebook ativaria um poderoso processo de comparação social. "Os
indivíduos tendem a postar informação, fotos e anúncios que fazem com que suas
vidas pareçam sensacionais. Exposição frequente a esse tipo de informação pode
levar o outro a sentir que sua vida é, em comparação, pior. Essa é uma das
possíveis explicações. Outro fator pode ser a falta de interação direta com
outras pessoas."
Vale a reflexão.
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