quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

RIO 2054 - POR MEIO DA FICÇÃO AUTOR CRIA UMA HISTÓRIA QUE DE ABSURDA NÃO TEM NADA


Novos escritores têm trazido histórias interessantes para a literatura brasileira, como Jorge Lourenço, autor de Rio 2054 - Os Filhos da Revolução (Editora Novos Talentos). Por meio da ficção e de uma visão bem realista da sociedade e do mercado ele cria uma história que de absurda não tem nada, apesar de ser um trabalho no estilo cyberpunk. Em plena cidade do Rio de Janeiro, Lourenço mistura guerra civil, disputa por royalties e inteligência artificial para descrever um futuro apocalíptico que não parece tão longe de acontecer.

A história começa cerca de 30 anos antes, em que a partilha de uma nova jazida de petróleo na cidade fluminense a  transforma num cenário de guerra e deixa a população nas mãos de empresas inescrupulosas. A história do livro gira em torno de Miguel, morador da parte pobre da cidade e que acaba se vendo absorvido por um jogo de intrigas entre as corporações que controlam o Rio de Janeiro, ao mesmo tempo em que uma jovem perigosa com poderes psíquicos surge nos guetos. “A história de Miguel, da androide Alice e de Angra é sobre crescimento, sobre tomar decisões e assumir ideias. Em alguns pontos, os personagens acabam sendo vítimas do destino. Mas, invariavelmente, vai caber a eles decidir o futuro da cidade e o rumo de suas próprias vidas”, explica.

Problemas atuais - Além da questão da disputa pelos direitos de exploração do “ouro negro”, o autor fala sobre a influência do mercado sobre a política. “Não vejo [atualmente] uma revolução ou uma guerra civil se formando. Longe disso. Mas a influência das grandes empresas na política tem aumentado rapidamente. Se hoje vivemos isso, acho que em 2054 a situação pode ser bem pior”, diz o autor.

O livro também chama atenção para outros problemas sociais vividos na atualidade, como as diferenças sociais, que segundo Lourenço, tornaram-se ignoradas por grande parte da população. Para isto, Rio 2054 trata de uma nova segregação na cidade. Ao invés da divisão entre o asfalto e a favela, o livro mostra uma metrópole partida em 2 regiões. Na parte pobre, os habitantes vivem nos escombros dos bairros destruídos durante a guerra civil. Sem abastecimento regular de energia elétrica, saneamento básico, segurança ou qualquer administração, as pessoas vivem numa terra sem lei.


Segundo o autor, que cresceu numa comunidade carente do Rio de Janeiro, a experiência de viver numa favela ajudou a criar o mundo partido de Rio 2054. “O livro é uma obra de entretenimento. É um livro de ficção científica cheio de reviravoltas, bons personagens e diálogos sólidos. Mas também é um lembrete do que vivemos hoje. O Rio de Janeiro e muitas grandes cidades do mundo já são radicalmente partidas entre ricos e pobres. Por mais brutal que a exclusão social da obra seja, ela já existe hoje em dia”, alerta o autor.

O autor - Jornalista e fã de ficção científica, Jorge Lourenço escreveu para o Jornal dos Sports, UOL e assinou a tradicional coluna de política do Jornal do Brasil, o Informe JB. Nascido e criado no Morro do Andaraí, cresceu com insônia e assistiu muitos filmes de ficção científica no Corujão, quando a TV a cabo não era tão acessível e a internet engatinhava. Fã de Gabriel Garcia Marquez, Haruki Murakami, games e mangás, não conseguiu se controlar; um dia, decidiu que precisava escrever um livro. O resultado está em Rio 2054.

LUIZ FERNANDO VIEIRA - DA REDAÇÃO


Um comentário:

Fátima Rufino disse...

Muito bom o resultado! ;)