Em uma palestra primorosa pelo bom humor e pelo conteúdo, o historiador Leandro Karnal arrancou risos da plateia ao expor de forma jocosa, mas também realista, o leitor da revista Veja, a mais reacionária e segregadora do Brasil.
Karnal fez uma palestra para
estudantes de história, na Universidade Federal de Uberlândia, mas é
fundamental para os analfabetos políticos que decidiram expor suas ideias sobre
a política nos últimos anos. O analfabeto político é, por excelência, um sujeito
sem referência histórica, visto que a história é, no mínimo, o ABC da política.
Chico Buarque que o diga.
Na palestra Tempo, historicidade
e tempo líquido, Karnal falou sobre as obras clássicas e necessárias, assim
como obras capazes de ter a reflexão rigorosa sem deixar de lado a beleza da
narrativa. Ele passou sobre os significados das transformações tecnológicas, na
linguagem e falou sobre a vivência atual no mundo de incertezas.
Também mostrou como o
Positivismo, que é muito criticado no Brasil, está mais do que presente,
inclusive nas bancas de defesas de teses e dissertações. “Ser positivista é um
xingamento que atinge a todas as pessoas. Não obstante, em todas as bancas os
temas mais tratados são: erros de redação, falhas da ABNT e erros de data. Nós
odiamos o Positivismo, mas as bancas são positivistas”, ressaltou.
Também ironizou as três grandes
“teologias do século 20”: o empreendedorismo, a prosperidade e a autoajuda.
Um dos destaques foi à análise do
discurso da Revista Veja, que entende a história com “um sentido teleológico”.
Assim, os recursos persuasivos são “a história nos ensina que não deu certo…”,
“a história já provou que….” é sempre uma profecia etc. “A história está
conduzindo as pessoas à iluminação”, resumiu Karnal.
Mais à frente, ele disse que
respeita historiadores que falam ao grande público, mas são honestos com a
história, como Laurentino Gomes. “É o lúdico no sentido da grande massa,
enfatiza o anedótico em detrimento do analítico”, diz. Para ele, as pessoas não
estão divididas entre ler história de uma forma lúdica ou um texto de Jugen
Habermas, autor alemão bastante hermético. E sentenciou: “quem lê a revista
Veja não está dividido com nada; é absolutamente fascista, tapado, em qualquer
sentido”. E tirou gargalhadas da plateia.
Poderia dizer em que momento
estão essas falas sobre a revista Veja, mas você perderia uma bela palestra.
Bom programa. (Glauco Cortez)
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