Iniciar
uma conversa e fazê-la fluir é uma arte. E, como qualquer outra
arte, é possível aprendê-la ou aperfeiçoá-la com as dicas
certas. O primeiro passo é aprender a observar os sinais que os
outros emitem por meio da linguagem corporal. Isso permite
identificar se o interlocutor é extrovertido ou tímido.
“Uma
pessoa retraída tende a ficar de cabeça baixa, sem olhar para os
lados. Ela está sinalizando que não é de papo”, explica Janaína
Depiné, coach em relacionamentos e especialista em etiqueta. Já
estar com os braços abertos, os pés virados na sua direção, ou
olhando para você são sinais que demonstram receptividade. “Fixar
o olhar em você é a melhor abertura que pode haver”, afirma
Claudya Toledo, diretora da A2 Encontros.
Já Don
Gabor, autor de “Como Iniciar uma Conversa e Fazer Amigos”
(Editora Sextante) considera que o melhor convite é um sorriso.
“Quando sorri, você demonstra que reparou no outro de maneira
positiva. (...) O gesto indica uma aprovação, o que deixará a
outra pessoa mais à vontade para conversar com você”, diz Gabor
na obra.
A pessoa
sorriu de volta? Pode parecer clichê, mas uma abordagem efetiva leva
em conta o entorno dos envolvidos. “Numa fila de supermercado dá
para falar do preço de um produto ou sobre a demora. Usar uma
situação que ambos estão vivendo é o que funciona”, garante
Janaína. Nem por isso precisa perguntar do tempo no elevador. Fale
de algo relacionado ao condomínio ou à vizinhança.
A
estratégia permite um início mais impessoal e evita resistências.
“Quando a pessoa pergunta de cara qual é o nome do outro, este se
defende achando que vai levar uma cantada e não está
necessariamente disponível”, concorda Claudya.
Perguntar
não está vetado. O importante é não ser indiscreto e se ater à
exploração do ambiente comum. Comentar que a palestra está
demorando ou perguntar que programa é aquele na tevê, por exemplo.
Em um workshop não há nada de errado em observar alguém sozinho e
dizer “Também veio sozinho?” ou “Você também atua nessa
área?”.
Eventos
profissionais contam com uma vantagem extra: muitos providenciam
crachás, assim é possível identificar alguém que tenha algum
vinculo com a sua empresa e isso já facilita começar o assunto.
Outra
prática com retorno positivo é elogiar o interlocutor. “Procure
algo que você realmente gostou no outro e elogie. Pode ser o sapato,
a roupa ou o jeito como ele conversou há pouco com alguém – isso
permite uma conexão verdadeira”, recomenda Margareth Signorelli,
coach de relacionamentos. Mas só vale se o elogio for sincero. Se
não for, a pessoa percebe e o resultado é o contrário do desejado.
Margareth reconhece que, apesar de efetiva, a técnica é pouco usada
pelas mulheres.
O durante
Quando o
papo engatar, ouça realmente o que outro tem a dizer. E evite
perguntas fechadas, que podem ser respondidas com “sim” ou “não”,
para não deixar o assunto morrer. Perguntas abertas começam
geralmente com “como” ou “por que”. Gabor sugere alguns
exemplos no livro: “Pode me dizer por que acha isso?”, “Como
começou a trabalhar nessa área?” e “O que a traz à nossa
cidade?”.
Se o rumo
que a prosa tomar não for do seu agrado, melhor não criar conflito.
Peça licença, diga que tem que dar um telefonema e ligue para algum
amigo para ganhar tempo, sugere a a coach Janaína.
Hora de
dar tchau
Se a
conversa deu certo, é importante encerrá-la de forma positiva.
Aproveite uma pausa mais longa, quando já se chegou a uma conclusão
sobre a pauta da conversa, para enviar sinais de que você precisa ir
embora.
Gabor
sugere que você faça um breve resumo das ideias principais do seu
interlocutor para sinalizar que estava atento. Se for o caso, diga o
quanto apreciou o momento e faça planos para ver a pessoa novamente,
combinando um próximo encontro, sugerindo um dia ou um evento. Esse
é o momento para a troca de cartões de visita. Um aperto de mão
firme e uma linguagem corporal receptiva completam um bom desfecho.
Quem se
prepara para viajar ou morar no exterior também pode seguir todas as
dicas anteriores, mas terá que fazer a lição de casa, ou seja,
pesquisar sobre a cultura local, para não cometer nenhuma gafe.
“Quando se visita um país estrangeiro, você tem que se adequar à
realidade deles. Você nunca vai fazer amizade se não estiver
disposto a mudar de hábitos. Se na Europa todo mundo toma sol na
praça, você também deveria experimentar. Fazer amigos em qualquer
lugar é como uma atividade física: é preciso um esforço inicial,
mas depois você pega o jeito”, garante Janaína.
Aline
Viana - especial para o iG São Paulo
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