segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Espanha prepara novas medidas de austeridade; déficit pode superar 8%

MADRI – O governo da Espanha vai aprovar novas medidas para reduzir o déficit nesta semana, além do pacote de 15 bilhões de euros em aumento de impostos e cortes de gastos anunciado há poucos dias, disseram membros do Gabinete do primeiro-ministro Mariano Rajoy nesta segunda-feira. Eles também disseram que o déficit orçamentário de 2011 poderá ficar acima dos 8% anunciados na semana passada – que já era uma revisão para cima da previsão de 6% do governo anterior.

O ministro do Tesouro, Cristoban Montoro, disse que as novas medidas serão aprovadas em uma reunião de Gabinete nesta quinta-feira. O pacote de austeridade anterior foi anunciado na sexta-feira, dia 30 de dezembro. Montoro não deu detalhes, mas disse à imprensa que as medidas mostrarão aos parceiros da zona do euro e outros países que o novo governo conservador de Madri está realmente disposto em agir rapidamente para reforçar as finanças públicas.

Separadamente, o ministro das Finanças Luis de Guindos disse que o governo conservador, que tomou posse pouco antes do Natal, descobriu apenas no início da semana passada o quanto eram ruins os números do déficit de 2011 e que não tinha escolha a não ser agir rapidamente através da elevação do imposto de renda e sobre a propriedade, apesar das promessas de campanha de que não tomaria tais medidas.

De Guindos disse que o déficit de 8% viria à tona em uma questão de semanas e certamente levaria os mercados a exigirem custos de financiamento punitivos da Espanha. Por isso, o governo decidiu agir rapidamente para anunciar na sexta-feira um pacote de aumento de impostos e corte de gastos, ao mesmo tempo que revelava a nova estimativa para o déficit orçamentário, com objetivo de ficar à frente dos eventos, disse o ministro das Finanças.

“Foi um ato de responsabilidade e iniciativa política impedir que a economia da Espanha alcance uma situação que seria praticamente insustentável”, disse De Guindos. Ele acrescentou que tanto o governo central quanto os governos regionais da Espanha partilham a responsabilidade pelo excesso de gastos.

Sobre o dado final do déficit de 2011, De Guindos disse que “é possível que supere os 8%. Mas eu certamente espero que não seja por muito”. Ele disse que neste momento a Espanha – com sua economia em frangalhos e uma crise da dívida na zona do euro – não se pode dar ao luxo de anunciar que seu déficit será dois pontos porcentuais mais alto do que o previsto sem adotar rapidamente medidas como a elevação de impostos, por mais desagradáveis que possam ser. “Se não fizéssemos, outros teriam feito por nós”, disse De Guindos, sugerindo uma possível intervenção da União Europeia.

O pacote de redução do déficit foi a primeira amarga medida de austeridade imposta aos espanhóis pelo novo governo do Partido Popular – que obteve uma esmagadora vitória na eleição de 20 de novembro. As medidas vieram como uma extensão do orçamento de 2011, porque a proposta para este ano ainda não tinha sido aprovada quando houve a troca de governo. Espera-se que o orçamento completo de 2012 contenha mais medidas de austeridade quando for aprovado no fim de março.

Para este ano, o governo espanhol tem como meta reduzir o déficit orçamentário para 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB).

(Associated Press)

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