segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Voluntários e profissionais que atuam na tragédia da Região Serrana já passaram por catástrofes em diversos países

  RIO - Logo depois do tsunami que matou 230 mil pessoas no Sudeste da Ásia, em 2004, o inglês Mark Boeck rumou para áreas da Indonésia ignoradas pela ajuda oficial. No ano seguinte, quando um grande abalo de terra devastou o Paquistão, ele reforçou o socorro aos desabrigados na Caxemira. E, em 2010, enquanto o mundo se comovia com imagens dramáticas do Haiti em escombros, após um dos piores terremotos da História, ele passou um mês no país. Há duas semanas, Mark, de 53 anos, desembarcou no Rio e seguiu para a Região Serrana para ajudar as vítimas das chuvas. Ele é voluntário e tem na ajuda humanitária um estilo de vida.

Desde o tsunami, o inglês participa de missões da ShelterBox, uma ONG com sede na Inglaterra, que está sempre no rastro dos grandes desastres mundiais. Seus representantes levam tendas capazes de garantir sobrevivência aos desabrigados, equipadas com fogareiro, panelas, cobertores. Quando chegam a um local, eles identificam as áreas prioritárias e armam acampamento. No Haiti, a organização passou um ano ajudando os que ficaram sem lar e sem rumo.

Oficialmente, Mark está de férias. Assim como os outros 175 voluntários treinados pela ShelterBox, entre jornalistas, empresários e policiais, ele tem um trabalho diário remunerado e não recebe um penny para socorrer desabrigados pelo globo. Mark é bombeiro em Truro, cidade de 20 mil habitantes na região da Cornualha. Por lá, presta socorro em incêndios caseiros e acidentes de trânsito.

- Tenho seis semanas por ano de férias e uso parte desse tempo como voluntário. Ainda bem que minha mulher aceita. Afinal, são dias que teríamos para passar juntos. É a doação dela - diz, com um bom humor (tipicamente inglês) inacreditável para quem passou os últimos dias cercado de dor, morte e drama.

O mantra de Mark é repetido por outros voluntários e profissionais que atuam em tragédias: dar dinheiro é fácil; difícil é doar tempo. Isso sem falar nos contratempos. Na Indonésia, ele teve o passaporte roubado enquanto jantava num restaurante. Também enfrenta com frequência as dificuldades de comunicação típicas de áreas devastadas pelo homem e pela natureza. Todos os dias, tenta, ao menos, enviar mensagens de texto via celular para a mulher, só para dizer que está tudo o.k.

A Revista O GLOBO foi atrás de outras pessoas que, como Mark, percorrem o mundo ajudando vítimas de catástrofes e que estiveram (ou ainda estão) na serra fluminense.




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