sexta-feira, 17 de agosto de 2012

James Hunter prepara a continuação de “O Monge e o Executivo”

SÃO PAULO - Um homem de negócios em crise resolve participar de um retiro em um mosteiro. Lá, ele recebe lições de um empresário renomado que largou tudo para virar monge, e redescobre o que é ser líder. Mais do que um reflexo do poder, liderar é servir – e conquistar autoridade com dedicação e sacrifício.

A história simples, em formato de parábola, conquistou o mundo e, em especial, o Brasil. “O Monge e o Executivo” vendeu mais de 3,5 milhões de livros em todo o mundo, e no Brasil tem presença garantida nas listas de best-sellers desde que foi lançado, em 2004.
O autor James Hunter atribui o grande sucesso no país à espiritualidade do brasileiro e também devido ao fato de sermos um país jovem. “É o povo mais gentil e acolhedor do mundo”, diz. No país para um workshop sobre liderança que acontece amanhã, em São Paulo, Hunter falou ao Valor sobre sua carreira, o trabalho que desenvolve no Brasil – único país onde abriu a consultoria que possui há mais de 20 anos nos EUA – e o próximo livro que está preparando.

Valor: Quando o senhor publicou “O Monge e o Executivo” em 1998 o senhor já tinha sua própria empresa de consultoria, fundada em 1985. A ideia de escrever o livro veio do seu trabalho?

James Hunter: A ideia veio da necessidade de deixar um legado para a minha filha, naquela época com dois anos de idade, contendo os meus princípios e valores. Era apenas um manuscrito, fruto de um momento de inspiração, onde eu despejei todas as ideias compostas por tudo aquilo em que eu acredito. Pedi para alguns amigos lerem e criticarem, e recebi o conselho de transformar aquilo tudo em um livro.

Valor: No Brasil, “O Monge e o Executivo” é presença constante no ranking de best-sellers desde que foi lançado. Como o senhor explica o sucesso contínuo do livro no país?

Hunter: Acredito que o sucesso vem de vários fatores. O primeiro é que o brasileiro é espiritualizado. Ele dá muito valor às relações humanas. Na minha opinião, é o povo mais gentil e acolhedor do mundo. Em seguida vem o fato de o Brasil ser um país jovem, essencialmente da geração Y. Estes jovens clamam por uma liderança efetiva, sem o falido “comando e controle”. Outro fator que ajudou foi o fato de o livro ter sido escrito no formato de parábola. O brasileiro adora esse tipo de abordagem.

Valor: Diante do cenário de negócios atual, o que o senhor mudaria na essência de “O Monge e o Executivo” se fosse escrever o livro hoje?

Hunter: O livro nada mais é do que um compêndio de valores e princípios que norteiam a minha vida e a de muitas pessoas. São lições de lições de vida de modo geral, onde os negócios são apenas uma parte do conteúdo. Portanto eu não mudaria nada. A essência é a mesma. A novidade é que estou escrevendo um novo livro, que é a continuação do “O Monge e o Executivo”, para mostrar como a participação no mosteiro influenciou a vida dos personagens, e como eles efetivamente mudaram. Acho que o público vai gostar.

Valor: O sucesso de “O Monge e o Executivo” apresentou seu nome para o mundo. De que forma a mensagem do livro influenciou sua própria carreira desde então?

Hunter: Naquela época eu já fazia algumas palestras e vários trabalhos de consultoria. A liderança servidora já estava emergindo e eu já possuía uma carteira razoável de clientes. Com o lançamento e o sucesso do livro, a solicitação de palestras aumentou consideravelmente. Tem sido muito bom porque eu não preciso fazer nenhum tipo de marketing. Os clientes aparecem naturalmente, em virtude do livro e do boca a boca. Nos Estados Unidos, eu passo a maior parte do tempo fazendo um trabalho de coaching, mais profundo, com o intuito de transformar os comandantes em líderes servidores.

Valor: O Brasil é o único país, além dos EUA, em que sua consultoria está presente. Por que escolheu o país?

Hunter: Meu foco são os Estados Unidos e o Brasil porque são os países onde minha audiência é maior, inclusive no volume de livros vendidos. No Brasil já participei, em parceria com Sérgio Braga, de mais de 70 eventos nos últimos sete anos. Além das palestras há um trabalho de continuidade, conhecido como implementação da liderança servidora, onde desenvolvemos um trabalho longo e detalhado com o objetivo de influenciar na mudança da cultura da empresa. Nesse trabalho há um acompanhamento individual e em grupo, com diagnóstico e mensuração do resultado final. No Brasil esse tipo de serviço ainda é incipiente, mas nos Estados Unidos ele ocupa a maior parte do tempo da minha agenda. As palestras têm como objetivo sensibilizar as pessoas. Mas para a mudança efetiva, o trabalho sem dúvida é muito maior e precisa ter um forte apoio do principal líder da organização.

Letícia Arcoverde | Valor Econômico

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