domingo, 27 de maio de 2012

26 de maio de 1976: Morre o filósofo alemão Martin Heidegger

"Quem pensa grande também erra grande". Martin Heidegger
A morte do filósofo alemão Martin Heidegger

O filósofo Martin Heidegger, 86 anos, representante alemão da filosofia existencialista e um dos mais influentes pensadores do século XX, morreu em Mesakirch, sua cidade natal onde vivia em recolhimento voluntário desde 1937, quando foi proibido pelo nacional-socialismo de exercer atividades docentes. Não foi revelada a causa de sua morte, tratada apenas como uma infecção. Deixou viúva Elfriede com quem teve dois filhos.

"O solitário não é forçosamente amargo" - dizia Heidegger, refugiado em sua casa da Floresta Negra, na Alemanha. Desse recolhimento, poucas vezes saiu nos últimos 25 anos de sua vida. Uma delas para fazer uma conferência sobre artes, em Atenas, seis dias antes do golpe militar grego de 1967: " A maioria dos meus ouvintes deve estar na prisão" - disse depois naturalmente sem se sentir culpado, mas deixando escapar uma ponta de amargura que recusava admitir na longa fase final de sua vida.

Outras efemérides de 26 de maio
1952: A reintegração da Alemanha na Convenção de Bonn
1977: Glauber ganha Prêmio Especial em Cannes
1968: Transplante de coração - o futuro do Corpo Humano
1994: Telescópio Hubble descobre buraco negro

Nascido em 28 de setembro de 1889, em Messkirch, Heidegger estudou com os jesuitas e mais tarde com Rickert. Foi também discípulo de Husserl a quem está dedicada uma das primeiras edições de Ser e Tempo (ao tempo de Hitler, a dedicatória foi suprida de outras edições da obra: Husserl era de origem judaica). De Husserl, aliás, em 1928, recebeu a cátedra de Filosofia da Universidade de Friburgo, onde desenvolveu toda a sua atividade de professor - até ser afastado pelas autoridades francesas vitoriosas da Segunda Guerra.

Um de seus alunos em Friburgo foi Herbert Marcuse: "Sob minha direção, ele preparou sua tese sob Hegel, em 1932. É um ótimo trabalho". No ano seguinte, não conseguiu manter a ajuda a Marcuse, pois com o triunfo do Nazismo em 1933, foi feito reitor da Universidade e envolveu-se em outras preocupações: Chegou-se a dizer até que ele dava aulas vestido com o uniforme das tropas SA. Consultas a documentos alemães e suiços da época desmentem tais extremos, mas a verdade é que o comprometimento do filósofo com o regime foi além do mínimo a que se o pretendeu reduzir no pós-guerra. Em Les Ecrits Politiques de Heidegger, o filósofo alemão Jean-Michel Palmier investiga o que foi essa adesão.

"A responsabilidade histórica de Heidegger", escreve Palmier, "é imensa". Os títulos de seus escritos de então - Apelo ao estudante Alemão, Exortação ao Povo germânico - já dão uma ideia do conteúdo: encorajamento à submissão do indivíduo ao Estado. Seu discurso de posse no reitorado prega a necessidade de uma reforma universitária para acabar com "o liberalismo, o laisser-aller, o falso conceito de independência universitária. O estudante viril e disciplinadamente, deve dedicar-se ao trabalho, às armas e ao saber, integrando-se na comunidade popular, defendendo a honra nacional e ajudando no cumprimento da missão espiritual que cabe à Alemanha no mundo para redenção do Ocidente". Um quarto de século após da derrocada do nazismo, no seu retiro, Heidegger, aos 80 anos, pensava diferente: "Hoje os estudades se revoltam. É bom".

Suas obras, sempre discutidas e frequentemente mal compreendidas, tiveram grande influência sobre outros filósofos contemporâneo.

Heidegger jamais se refez do prejuízo que lhe causou sua filiação ao Partido Nazista.

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