Uma votação popular promovida pelo site Public Eye Award coloca a gigante brasileira Vale entre as piores empresas do Planeta. (veja a enquete AQUI)
A mineradora recebeu mais de 14 mil votos em uma enquete que irá “premiar” as companhias com os casos mais escandalosos de crimes contra o ser humano e o meio ambiente. A premiação é realizada anualmente, desde 2000, e promovida pelo Greeenpeace suíço. A enquete será encerrada em 27 de janeiro.
A justificativa para a indicação é que a Vale, a segundo maior companhia do Brasil – e a segunda maior mineradora do mundo – possui um histórico de 70 anos de desrespeito aos direitos humanos e práticas precárias de trabalho e destruição do meio ambiente. Os organizadores citam também a participação da companhia na construção da usina de Belo Monte, no Pará – e lembram que o empreendimento irá realocar cerca de 40 mil pessoas da área impactada.
A campanha é um contraponto à realização do Fórum Mundial Econômico, que reúne anualmente as autoridades financeiras dos países mais ricos do mundo em Davos, na Suiça.
Também indicada, a coreana Samsumg figura entre as mais votadas, também com quase 14 mil votos. A companhia é acusada de esconder de seus próprios trabalhadores o uso substâncias proibidas e altamente tóxicas em uma de suas unidades de produção. “O resultado: câncer”, explicam os organizadores do prêmio.
Concorrem ainda ao nada honroso prêmio o banco inglês Barclays, a mineradora norte-americana Freeport McMoRan, a Tepco (maior empresa de energia do Japão) e a Syngenta, uma das maiores empresas do mundo no setor agrícola.
MST x Syngenta
No Brasil, a indicação da multinacional suíça Syngenta foi comemorada por movimentos sociais, sobretudo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Em 2007, um líder camponês, Valmir Mota de Oliveira, o Keno, foi assassinado em meio a protestos e ocupações promovidos na sede da empresa em Santa Tereza do Oeste, no Paraná.
A indicação da Syngenta levou o MST a divulgar uma nota em que lembra o episódio, e repercute as polêmicas envolvendo a empresa. Na época, lembrou o MST, a empresa realizava experiências ilegais com transgênicos e agrotóxicos numa zona de amortecimento do Parque Nacional Iguaçu, o que motivou os protestos – iniciados em março de 2006, quando o terreno foi ocupado.
Uma ação de despejo dos trabalhadores promovida pela Syngenta com a ajuda de homens armados resultou na morte de Keno, em outubro do ano seguinte. Outros trabalhadores rurais ficaram feridos, como é o caso da militante Isabel Cardin, que chegou a perder a visão e tem dificuldades motoras até hoje. A ação foi atribuída à empresa NF Segurança, em conjunto com a Sociedade Rural da Região Oeste (SRO) e o Movimento dos Produtores Rurais (MPR), entidades ligadas aos ruralistas da região.
Após o episódio, o próprio embaixador Suíço Rudolf Bärfuss pediu desculpas à viúva de Keno, Íris Oliveira.
O MST lembrou também que, atualmente, o antigo centro de experimento ilegal da Syngenta, que foi desapropriado pelo governo do estado, é sede do Centro Agroecológico de Experimento de Variedades Crioulas de Sementes sob a direção do Instituto Agronômico do Paraná, IAPAR e a Via Campesina.
A nota do MST leva uma declaração de Fernando Prioste, da Ong Terra de Direitos, que comenta: a indicação da Syngenta como a pior empresa do mundo é justa.
Para ele, ações de violação dos direitos humanos, imposição de pacotes tecnológicos, imposição mercadológica, violações ao meio ambiente e direito à alimentação – em relação aos transgênicos – são práticas que a Syngenta comete não só no Brasil, mas no mundo todo.
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