O Parlamento Europeu aprovou nesta semana uma resolução para a adoção de ações mais contundentes para proteger a população de abelhas, que de alguns anos para cá desapareceram em larga escala no Velho Continente. O texto, aprovado por ampla maioria de 534 votos a favor, 92 abstenções e apenas 16 votos contrários, determina que mais fundos sejam destinados para a pesquisa com abelhas, novos incentivos para que a indústria farmacêutica desenvolva antibióticos e que os rótulos de advertência nos pesticidas do campo sejam mais claros.
Além de uma questão ambiental preocupante, o declínio dessas populações tem um impacto econômico que não se pode desprezar. Cálculos da Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, estimam que a polinização tem um valor econômico de € 22 bilhões para a região.
Cerca de 84% das espécies de plantas europeias e 76% da produção de alimentos da região dependem dela. A União Europeia produz anualmente cerca de 200 mil toneladas de mel. Bulgária, França, Alemanha, Grécia, Hungria e Romênia são os maiores produtores, empregando, direta ou indiretamente, 600 mil pessoas.
"As abelhas são cruciais na nossa sociedade, na medida em que a polinização tem um papel essencial na preservação da biodiversidade e na manutenção da segurança alimentar da Europa", disse o legislador socialista Csaba Sandor Tabajdi, autor da resolução.
A falta de informações sobre a saúde dessas abelhas tem sido um obstáculo na identificação das causas do desaparecimento desses insetos. Por isso, a Comissão Europeia pretende lançar um programa-piloto de monitoramento no início do próximo ano.
Especialistas já documentaram o desaparecimento em massa de abelhas em vários países, com um cenário mais crítico nos Estados Unidos, onde o fenômeno tem sido comumente chamado de "desordem de colapso das colônias". A causa do problema ainda não é conhecida, mas a destruição dos habitats e o uso extensivo de agrotóxicos no campo (que pode ter afetado o sistema imunológico das abelhas) são possibilidades consideradas pelos especialistas.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o número de colônias de abelhas caiu de 5,5 milhões em 1950 para 2,5 milhões em 2007. Somente na Califórnia, um dos principais berços agrícolas de pequenas culturas nos Estados Unidos, abelhas de quase 1,5 milhão de colmeias fazem o trabalho da polinização - uma média de duas colmeias por acre.
O Pnuma, braço ambiental da ONU, advertiu no início deste ano que a população mundial de abelhas continuará em declínio. Em relatório, o órgão defendeu o pagamento de incentivos a agricultores e proprietários rurais para que os habitats desses insetos sejam restaurados, como florestas com espécies de floração.
Bettina Barros | Valor Econômico | São Paulo
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