Relatório do Unicef mostra que taxa de homicídios nessa faixa etária supera em quatro vezes o aceitável pela ONU
BRASÍLIA. Os adolescentes brasileiros estão muito mais expostos a assassinatos do que o restante da população. Relatório do Unicef sobre a juventude do país, divulgado ontem, mostra que a taxa de homicídios entre rapazes e moças de 15 a 19 anos é de 43,2 para cada 100 mil habitantes, enquanto a média nacional é de 20 para 100 mil. Isso quer dizer que todos os dias 19 jovens desta faixa etária morrem. Para a ONU, taxas acima de 10 homicídios por 100 mil habitantes são inaceitáveis.
BRASÍLIA. Os adolescentes brasileiros estão muito mais expostos a assassinatos do que o restante da população. Relatório do Unicef sobre a juventude do país, divulgado ontem, mostra que a taxa de homicídios entre rapazes e moças de 15 a 19 anos é de 43,2 para cada 100 mil habitantes, enquanto a média nacional é de 20 para 100 mil. Isso quer dizer que todos os dias 19 jovens desta faixa etária morrem. Para a ONU, taxas acima de 10 homicídios por 100 mil habitantes são inaceitáveis.
A raça do jovem também influencia a vulnerabilidade: um adolescente negro tem 3,7 vezes mais risco de ser assassinado do que um branco de mesma idade. Para a representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier, é um equívoco associar os adolescentes à causa da criminalidade, já que na maioria dos casos eles são vítimas:
- Se ouve muito na sociedade que o adolescente é fonte da violência. Na verdade, os adolescentes são autores de 5% dos homicídios no país, mas são vítimas de 10% deles.
Número de jovens em extrema pobreza aumenta
O relatório "Situação da Adolescência Brasileira 2011", que analisou dados de 2004 a 2009, mostra ainda que o número de adolescentes em situação de extrema pobreza no Brasil aumentou. Em 2004, eram 16,3%. Em 2009, 17,6% vivem com renda per capita mensal inferior a R$70. O estudo aponta ainda que 7,9 milhões de jovens ou 38% da população nessa faixa etária vivem em situação de pobreza (com renda mensal de meio salário mínimo).
Uma das razões para isso seria demográfica: há, no Brasil, 10,2 milhões de pessoas de 12 a 17 anos de idade. Isso quer dizer que, entre famílias pobres, a renda tem que ser dividida com um maior número de pessoas, já que os pais dos adolescentes seguiram tendo filhos depois que eles nasceram. Outro motivo apontado pelo Unicef é que os programas sociais do governo, como o Bolsa Família, não contemplavam até pouco tempo essa faixa da população.
Os jovens têm menos acesso à educação que as crianças. Na infância, apenas 3% dos brasileiros estão fora da escola. Na adolescência, 15% não estudam e apenas 51% frequentam o ensino médio. A taxa de abandono desta etapa escolar chega a 11,5%. Adolescentes presentes ao lançamento do relatório afirmaram que as escolas não atendem às necessidades dos jovens.
Apesar disso, de dez indicadores, o Brasil piorou apenas na questão da pobreza extrema e manteve o mesmo resultado com relação à violência. Em oito - percentuais de jovens que não estudam e não trabalham, dos que só trabalham, de pais adolescentes, de alfabetizados, de concluintes do ensino médio, de frequentadores do ensino médio, de abandono escolar e de adolescentes cuja mãe teve o mínimo de consultas pré-natal -, o país melhorou.
Marie-Pierre Poirier reconhece os esforços do governo para diminuir as desigualdades, como a inclusão dos jovens no Bolsa Família, mas diz que o país precisa focar as políticas públicas para defender quatro grupos de adolescentes mais frágeis: os que se encontram em situação de exploração sexual, mães, meninos chefes de família e meninos e meninas de rua. Segundo ela, no Brasil a proporção de jovens explorados sexualmente é maior do que no resto do mundo.
Catarina Alencastro - O Globo - 01/12/2011 |
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