quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Recrutamento:Beleza não é tudo, mas pode ajudar

O mercado de trabalho valoriza profissionais que se encaixam em um padrão de beleza. Além de bonita, a mulher precisa ter segurança, elegância e se adequar aos padrões estéticos do segmento onde atua. Essa é uma das principais conclusões da pesquisa "Beleza e carreira no Brasil - o significado da beleza para jovens executivas e seu papel no mercado de trabalho."
O estudo, realizado pela executiva de marketing Juliana Gomes, foi apresentado este ano na Fundação Getulio Vargas (FGV/SP) com o objetivo de revelar uma realidade que é tabu dentro de consultorias e departamentos de recursos humanos: a de que a beleza ajuda mulheres a crescer profissionalmente.
Foram realizadas entrevistas com mais de 30 recrutadores e profissionais de RH, além de executivas que se destacam pela beleza. As empresas participantes responderam um questionário onde atribuíram notas a homens e mulheres em quesitos técnicos, físicos e comportamentais. "As companhias deram notas 10% mais altas para as mulheres nos itens ligados à beleza como carisma, vaidade e elegância. Nos atributos técnicos, elas ganharam notas um pouco menores ou iguais às dos homens."
Quando as profissionais foram ouvidas, porém, o assunto foi abordado mais abertamente. "Algumas executivas chegaram a admitir que a beleza facilita algumas situações na carreira, inclusive na contratação", afirma Juliana.
É o caso de uma executiva da área de marketing, que não quis se identificar. Ela ouviu elogios de uma headhunter por ter o perfil que o cliente desejava: além de capacitada e experiente para o cargo, também era "bem-apessoada". "Como se tratava de uma empresa do segmento de beleza, o contratado precisava ser bonito. Nunca tinha ouvido isso de forma tão clara", conta.
Segundo Irene Azevedo, consultora sênior do grupo DBM, muitas vezes o profissional é visto pelo mercado como um produto e precisa ter uma estratégia de colocação que também envolva a aparência. "Existem segmentos como o mercado financeiro, por exemplo, que valorizam a aparência e a formalidade. Um profissional que queira atuar nessa área precisa se adaptar a demanda da empresa", diz.
A preferência por uma profissional bonita, segundo ela, pode acontecer em um primeiro momento, mas a competência logo se sobrepõe. "As empresas estão cada vez mais enxutas e precisam fazer mais com menos. Nesse cenário, a beleza se torna irrelevante."
Uma das entrevistadas pela pesquisa é a gerente sênior de produto Karyn Kao. Segundo ela, algumas áreas das empresas exigem atenção especial da profissional com a estética. "Em muitos momentos, o executivo é o cartão de visita da empresa", afirma.
A gerente explica que o mercado relaciona beleza a credibilidade. "Unha malfeita, por exemplo, é sinal de desleixo. Se uma profissional passa essa mensagem na sua aparência, passa também na qualidade do trabalho. Essa cobrança é maior no caso da mulher", diz.
De acordo com a pesquisa, a aparência influencia, de fato, na percepção de competência das profissionais pelo mercado. "A beleza pode ser usada como uma ferramenta útil na contratação e no dia a dia da executiva. Ela abre portas, chama a atenção e dá acesso a pessoas e ambientes", afirma Juliana.

Vívian Soares - De São Paulo - Valor Econômico - 01/12/2010
http://www.valoronline.com.br/impresso/dbm/44154/344921/beleza-nao-e-tudo-mas-pode-ajudar

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